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Símbolos do Alentejo : A Ceifeira



A Ceifeira faz parte da História desta região de Portugal e é sem dúvida um dos símbolos da mesma.

A Romã posa junto a um azulejo ilustrando estas bravas trabalhadoras e falamos aqui um pouco sobre elas. Esperemos que gostem!


Os campos de trigo no Alentejo eram imensos e estendiam-se por largos e largos quilómetros por esta Região adentro que durante séculos e séculos foi o grande celeiro de Portugal.

Mal o sol se levantava, a ceifeira juntava-se às suas companheiras e, em rancho, percorriam quilómetros a pé, por estradas e caminhos, até às grandes herdades onde, debaixo de um calor abrasador, passavam horas a fio a mondar ou a ceifar o trigo.

Durante o trabalho, cantavam melodias do seu Cante Alentejano, que anos mais tarde foi considerado pela UNESCO, Património Cultural Imaterial da Humanidade ( 2014)

A indumentária delas tem-se transmitido ao longo dos séculos. Entregues a uma dura rotina, grande parte do ano intensificada pela persistência das elevadas temperaturas, usavam trajes para as proteger do calor.




Traje típico das ceifeiras: De lenço algodão amarrado de forma peculiar à cabeça onde assentava um largo chapéu de palha ou de feltro preto, de abas viradas para baixo. Este normalmente tinha à volta uma fita garrida e com alguns ramos de espigas e uma papoila ou outra flor do campo a enfeitar. A blusa era de chita ou popeline, quase sempre de cores vivas e com ramagens ou flores. Tinha mangas compridas, era franzida na cintura.

Utilizavam os Manguitos ( Espécie de meias mangas que utilizavam para proteger as mangas da blusa)

A Saia, era feita de riscado, às riscas ou aos quadrados. Franzida na cintura ou de pregas soltas. Durante a ceifa, era puxavada até ao joelho, presa à volta das pernas por cordões ou alfinetes, convertendo-se em calções para facilitar o trabalho.

O Avental, de chita ou de riscado, quase acompanhava o comprimento da saia. Atando atrás da cintura, com um laço, tinha uma ou duas algibeiras.

Havia ainda o Saiote ou saia de baixo, com franzido na cintura e a acompanhar o comprimento da saia, feito em pano cru.

Usada como “roupa interior”, tipo “combinação” , havia a chamada Camisa, com pouca roda e a bater pelo joelho. Feita também de pano cru. Também deste material e com a finalidade de aconchegar os seios, usavam o Corpete ou colete. Nos pés colocavam meias, feitas à mão, com linha de algodão (cordãozinho, no dizer popular) e as botas de atanado ( em cabedal grosseiro.

Levavam também Xaile : Que além de protecção ou de agasalho em todas as épocas do ano, servia também de “toalha” para estender no campo na hora das refeições.



Os Utensílios que se faziam acompanhar : Foice: o instrumento com que executava o seu trabalho. Dedeiras ou canudos: Feitos de cana, utilizados para proteger os dedos mindinho, anelar e médio da mão esquerda, em relação aos movimentos da foice, evitando que a dita pudesse cortar os dedos. Estas dedeiras podiam ser lisas ou trabalhadas. Normalmente eram oferecidos pelos namorados.

“O melhor namorado era aquele que oferecia as dedeiras mais bonitas”, diziam !

O Tarro de Cortiça, servia para transportar os alimentos líquidos e a Talega , era um saco confeccionado com restos de tecido de algodão e onde transportavam o pão, toucinho, queijo, etc.

As ceifeiras alentejanas trabalhavam todo o dia "do nascer ao pôr do sol" mondando, ceifando e cantando, ajudando os homens nesta hercúlea tarefa de desbravar a terra.






📷 maria João pavão serra e DR









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